Em defesa das Crianças

Foi hoje novamente anunciado o Programa de Prevenção “Take25” pelo Centro Americano para as Crianças Desaparecidas e Exploradas (NCMEC).

O NCMEC quis honrar a data de 25 de maio, Dia Internacional das Crianças Desaparecidas e Exploradas Sexualmente daí o nome da Campanha.

O caso da pequena Ellie veio mais uma vez interpelar-nos para termos consciência da enorme vulnerabilidade das crianças que podem ser raptadas, sequestradas, subtraídas, transportadas, retidas contra a sua vontade, quer por terceiros, quer por alguém de sua família, que não detém a sua guarda, determinada pela autoridade competente e que ocultam o seu paradeiro.

Os números referenciados  pelo NCMEC são sempre surpreendentes, pela sua dimensão.

Felizmente, a maior parte das crianças desaparecidas, são localizadas nos dias seguintes, e os raptos por terceiros representam uma pequena parte do total.

A maioria dos casos referem-se a crianças que fogem, de casa ou de instituições (os chamados “runaways”) e a crianças levadas por um dos pais para local desconhecido.

Estas crianças, quando retidas durante mais de uma semana sem contacto com a sua principal figura de referência, apresentam sintomas de ansiedade e medo, com repercussões na sua estabilidade emocional por muito tempo.

Como referi no artigo anterior, esses actos  correspondem a uma conceção que vê a criança como um objeto, sem direito a sentimentos e emoções, privando-a de ser tida em conta a sua vontade, o que provoca nela enorme insegurança e afeta a sua auto-estima por ver-se desconsiderada.

Há muito que venho defendendo a consagração legal expressa do direito da criança à preservação das suas relações afetivas profundas, bem como do seu direito a ser ouvida, em ambiente de total liberdade. A prevalência das ligações psicológicas, reconhecendo-se a enorme importância da vinculação é também uma matéria relevante, a merecer reflexão.

Quando era Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, Vanessa, uma menina com cinco anos, foi pelo pai retirada à madrinha com quem vivera durante anos e depois morta,  pelo pai e pela avó que a atiraram ao Rio Douro.

Nessa ocasião, dei uma entrevista à jornalista Anabela Mota Ribeiro, que na altura trabalhava nas Seleções do Reader’s Digest.

Estávamos em 2005, mas a maior parte das ideias que então expressei mantêm atualidade.

Por isso, achei que terá interesse recordar essa entrevista aqui:

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